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Sinfonia Noturna

Friday, November 28, 2008

Três poesias

Das ruínas

Venha varrer as ruínas
Espalhar a poeira das estrelas mortas
Venha destruir as portas
Sem fechaduras
As mãos sem ataduras
Que não conseguem um adeus ensaiar.

Não deixe o amanhã aferroar os passos
Desfaça os laços
O hoje, o agora e o talvez
Salve-me, pelo menos uma vez
Cortando o último suspiro infeliz
Desse tolo aprendiz.

Quis viver, sem viver
Poderão olhos ver outra realidade
Poderão pés caminhar em outra cidade
Poderão mãos apalpar miragem
Ansiando a imagem
Que não existe?

Venha. Não tenha medo.
Eu não vivi, fui apenas sombra.
Grite, não há segredo.
Não há nada que te assombra
Mais do que olhos que não te vêem.
Eu apenas ouvi tua voz, então venha.

As horas

Horas mortas voam sobre o céu tristonho
Desfazendo-se em segundos sobre o abismo e o nada
Roendo as engrenagens de um velho hotel.
Tolas horas, desesperado olhar de um sonho
Asfixiando a fútil e descarnada madrugada
Entabulando conversas com o solitário céu.

Alguém providenciará a pousada para as horas?
Uma temporada em um sanatório poderá curá-la?
Devemos deixar o seu corpo em gás no velho cemitério estelar?
Os quartos e lençóis não estão arrumados.
Não houve tempo para prozac, beijos e arranhões.
Repousa o tempo, no tempo em repouso do novo lar.


Esvaziando o sol

Se eu beber a escuridão que habita em mim
Se eu comer o espaço que te acende
Desaparecerei nas pesadas horas
Que nem mesmo você compreende.

Se eu esvaziar o sol
Diminuindo a vogal do seu nome
Quebrarei o corpo vida
E a vida em corpo sobrenome.

As lentes não vão enxergar
Olheiras que não se olham, olheira insone!
Deixe-me descansar esta noite em ti
Deixe-me morrer antes que me abandone.






Saturday, October 14, 2006

A morte da poesia

Escondeu-se a poesia
Temendo os barrancos, a íngreme ascensão ao infinito
E a nudez indesejada da verdade.
Recolheu-se a imaginação
Temendo as pedras, o ceticismo triunfante dos infelizes
A camisa de força da cidade.

O triunfo dos cientistas
Foi comemorado até amanhecer um novo dia
Branco e preto, olhos em brasas.
Desvairada sorte
Respirar a morte em vida, apagar o pôr do sol
Asfixiar a beleza das casas.

Escondeu-se a poesia
As abelhas suadas erguiam os pescoços
Tentando avistar mais do que o nevoeiro.
No horizonte de uma nova ordem
Viam o carvoeiro atiçar o fogo do caos
Atracando as naus no cais atulhados de ossos.

Os homens das cavernas uivavam
Nos seus laboratórios, nas suas palestras
Fazendo sexo com a mãe-natureza
Gerando filhos raquíticos, em sua nobreza
Construindo berçários com muros, sem arestas
Impedindo o soluçar misterioso.

Escondeu-se a poesia
Temendo o violento instinto carnal
As palavras choram quando o diafragma silencia
A inscrição vermelha dizia: Sexo
Os lábios iluminados por um vagalume sussurravam: amor
O dia se fez noite trazendo o mal sem nexo, a dor

Da insatisfação mais delirante
Do orgasmo prostituto desfigurou-se a superfície
Vi o sagrado rolando na ladeira
As vestes rasgadas, cabelos em desalinho, olhar assustado
As mãos calejadas de poesias, a voz distante
Um tecelão reconstruindo o mundo à beira da lareira.

Escondeu-se a poesia
No fogo crepitante
Até que o sopro divino levantasse a fagulha da inspiração
Reaquecendo o universo tão maçante
Sem a poesia resta a pedra e o pó, a morte só
Procurando a promessa da vida e a nostalgia da canção.

Wednesday, June 21, 2006

O escondido

Juntava-se na biblioteca
Mundos e mundos
A cada princípio... a morte agia
Estrangulando o bem, não ria
Do destino, não chore pelo fim.

A incurável esperança, saudade eterna
Faz soluçar o olhar
Vendo a extensão do anoitecer
Um barco a navegar
Levando jaulas silenciosas.

A canção das árvores encanta
Palavras frias, letras de inverno
Sorrisos que se movem, planta
Solitária de olhos lâminas
A introduzir no dia a dia o inferno.

Violenta tempestade revolve
Lugares agonizantes, frenesis distantes
No gozo estancado resolve
Ilhas que se afastam, mares comprimidos
Ondas de ressaca, frágeis gemidos.

Palavras não sustentam sentimentos
Casadas com a morte, desparecem
Simples ruflar de asas, poucos momentos
Rastros sobre os telhados, que se esvaecem
A luz do dia.

Farrapos armados subtraem
Cálices açucarados de uma ilusão
Os dedos, trêmulos, traem
A triste realidade, constatação:
Todos somos elevadores em queda.

A máquina avariada furta o ar
Procura uma porta esquecida
Uma fresta escondida
De onde eu possa ver o mar
Eterno.

Vou soltar os pássaros da língua
Atravessar a sobremesa servindo o jantar
Até que o prato solitário sobre a mesa
Receba lentamente colheradas de paladar
Sacrificando a extensão das casas coloridas.

Depois de um doloroso nascimento
Esse desassossego, essa entropia acelerada
Esse transitar nervoso entre o ser e o nada
Esse pulmão arfante, envelhecendo
Essas asas quebradas, prometendo

Um paraíso a saciar a sede
O regresso da viagem angustiada
Adormecer na aconchegante rede
Saltar... sem pára-queda, bússola
Sem medo, não mais errante.

Sou o escondido.
Aquele que as mãos não tocam
Aquele que os olhos não vêem
Aquele que os ouvidos não ouvem
Aquele que sobrevive sem que se faça sentir.

Wednesday, May 24, 2006

A esperança (para a delicada platonista)

Onde repousar as costas cansadas? Em um mundo alquebrado?
Como pensar, quando os pensamentos são caçados?
Como analisar, pesar os prós e os contras, se tudo chega mastigado?
Trilhas, armaduras, correntes e algemas...
Reflexos de um mundo que têm respostas pra tudo.... e pra nada

Onde repousar as costas alquebradas? Em um mundo cansado?
Como caçar os pensamentos, quando pensar?
Como mastigar, os prós e contras, se tudo chega analisado?
Algemas, correntes, armaduras, trilhas
Pra nada... pra tudo o mundo têm respostas, seriam reflexos condicionados?

Caminhar pelas mesmas trilhas lamacentas
Como o gado à procura da água
E beber aquilo que nos oferecem, matar a sede... se iludir
Ela volta ... e volta ... e volta...
E as doses aumentam
Assim como aumenta a intensidade das indagações

Onde repousar os pensamentos? Em palavras gastas pelo tempo?
Nos filósofos que tanto escreveram e pouco responderam?
Nos palcos levantados pela arte que não ensina a arte de responder?
As variações prosseguem intermitentemente
Como se línguas sibilantes lançassem um veneno incontrolável
Medusas erguem-se invadindo o labirinto do minotauro
Teseu se rende, Ícaro nem tenta voar, e Dédalo rasga a sua planta
Zeus incendeia seu Olimpo
As lendas retiram-se, já nada significam
Cabeça baixa, pés acorrentados, em silêncio
Caminham por cavernas escuras ao som de gemidos e lamentos
Onde repousar as costas ensangüentadas?

Não encontrei melhor resposta do que aquela do madeiro em forma de cruz
A esperança é como luz bruxuleante
Investindo altiva e guerreira contra as trevas da ignorância
A esperança ...

Saturday, March 18, 2006

Vesúvio

Vesúvio não é um vulcão adormecido, ele está acordado em meu peito
Solta lavas vermelhas como ferro incandescente, e até suspeito
De onde veio o fogo que o acendeu.
Algumas vezes ele pára pra respirar, nessas horas as lavas endurecem
São crostas resistentes as mudanças de estações, onde as plantas perecem
Abortivas, como eu.

(Poesia extraída do livro "Sementes de vida e morte" de Samuel Rezende)

Thursday, January 26, 2006

Duas poesias: "Amor com medo" e "A semeadura"

Se vou morrer que seja te amando
Se te amando terei sorriso nos lábios
Se te querendo hei de ter beijando
Do celebrado amor todos os alfarrábios

Se vou partir que seja docemente
Se docemente terei toda alegria
Se te tocando hei de gozar livremente
Da esperança de tê-la todo dia

Se vou ficar que seja inflamado
Se inflamado desvendarei segredos
Se penetrando no teu colo adorado
Da dor prazer cinzelarei teus medos

Ao depurar teus medos deixarei
Que o medo de perder-me te domine firme
Não sei se isto é egoísmo ou crime

Receio de perdê-la chamarei
Se há crime em amar com medo
Que a folha de papel engula esse segredo

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Espalhei flores
Colhi espinhos.
E a lei de semeadura?
Escondeu-se?
Não, pensando melhor
Os espinhos não fazem parte das flores?
Porque acho estranho
Colher espinhos em vez de flores?
Poderia ser o galho seco,
As pétalas caídas,
Pelo menos elas não machucam.
Mas, pensando bem
Porque não colher espinhos?
O golpe sutil
Pode servir para extrair
Uma gota de sangue ruim
Que ainda circula em minhas veias.
Mas, a quem isso interessa?
A um mundo em pressa
Que não têm tempo de olhar flores?
Espalhei amor
Colhi ingratidão.
E a lei da semeadura?
Recolheu-se?
Talvez seja o período da hibernação
O inverno, a estação
De vestir casaco, de buscar um ninho quente
Nesse caso, a semeadura talvez esteja
Esquentando algum doente.
Mas, então se esqueceu de mim?
Não, pensando bem
Porque revoltar-se com a ingratidão?
Esse punhal cravado
Pode atingir um nervo atrofiado
Restaurar um movimento.
Mas, a quem isso interessa?
A um mundo em pressa
Que não tem tempo de semear amor?

(Poesias extraídas do livro "Sementes de vida e morte" de Samuel Rezende)

Wednesday, December 28, 2005

As Vozes do Silêncio

Os galhos sussurravam, cantavam
Suaves melodias para as sepulturas
Os longos braços saudavam
Estrelas que de longe, vinham ver
Botões colhidos na incandescente primavera
Jazendo agora no inverno indolente
Que assola as núpcias e o nascer
Colhendo fruto e semente
Procurando reter
Tudo que é belo, em mãos esqueléticas.

No flutuar das estrelas habita o silêncio
Sobre as sepulturas banhadas de orvalho
Onde vultos em formas de cruzes
Apontam o atalho, invadido por urzes
Sombreando as margens do bosque
Dilatado pelas pupilas noturnas
As águas estreladas cantam
O som do ribeirão, voz soturna
Fala da beleza passageira
Que navega em suas águas e no silêncio que ouve

Cidade onde descansa meus dois filhos
Irmã, avós, tios e primos
Fascinante aquarela de símbolos em casas pequenas
Contrastando com a orgia de gestos, palavras e mimos
Megalomania de grandeza que envolve a cidade dos vivos
Ignorante da ruptura que se avizinha
Invadindo sala, quarto, banheiro e cozinha
Da extensa propriedade que ficará
Atmosfera envenenada, onde nada restará
A não ser imagens trêmulas, que dos olhos serão banidas

Então visto nuvens e arremesso relâmpagos e raios
Tento ressuscitar aqueles que meu coração faz sangradouro
Atiço o céu de ilusões, mas ele desmorona ao menor sopro
Mesmo assim, meu canto há de ser duradouro
Música nascida na solidão das tendas da morte
Céu habitado por veloz anjo de espada na mão
Desoladas paisagens onde o silencioso cimento
Reina soberano, sob o azul do firmamento
E melancólicas ruas desertas, ruínas maquiadas
Anunciam o incansável destino à mentes embriagadas

Como silenciar a vida que sobrepuja a morte?
E mesmo, entre as ervas daninhas que crescem
Abraçando as catacumbas, logo ceifadas
Febris renascem, doando a flor do campo, e enaltecem
Aspirações imortais, vôo inseguro, desejo irreprimível
Fitando o sorriso e os cabelos brancos do meu pai
Caminhando na praia, desbravando as ondas do mar
As montanhas e vales, que no olhar se esvai
Nos profundos olhos da minha mãe, onde amar
É luz que resplandece e aquece

Vejo que a lanterna avisa que a luz está chegando ao fim
Rendo minhas homenagens a estes pedaços de mim
Pois se o amor é espelho de tristezas, entrego as auréolas dos anjos
E unindo as estrelas agradeço o caminho traçado
Pois quando a estrada chamar vamos nos encontrar... novamente
Sei apenas, que quando a hora chegar, o dia distraído
Se fará noite, e sem avisar, estrelas oscilantes e desmaiadas
Tornarão o vento cinza e chorarão o céu lágrimas resignadas
Eu remexerei a lente do sol, tentando localizar a esperança
Que retire o manto negro estendido no varal da vida

Abro a porta da caverna abandonada, entra a luz desiludida
Invade-me constelações e astros, e o murmurar assíduo
Eco aprisionado no meu pensamento, dissolve lágrimas no sereno
Rega o musgo que entope a garganta, coloca o dedo na ferida
Fazendo os pássaros levantar vôo no meio da densa neblina
Esterilizando as lápides com suas frases lapidadas
Frases que em vida, pouco foram faladas
Adquirem novo sentido, parecem assépticas, nada contamina
Repousando a anos-luz da verdade gravada, cemitério Brilhante
Até quando receberás, o astro especial, cuja luz voa distante!

(Extraído do livro "Frutos da solidão" de Samuel Rezende)